Engajamento não paga boleto: por que abandonei um perfil com milhares de seguidores e recomecei do zero

Quanto mais leio sobre ego e a necessidade de ser amada, mais assustada fico, porque vejo tudo isso em mim.

Há mais ou menos um ano, eu conhecia o sentimento de ~viralizar~ no Instagram. De publicar um texto reflexivo, como sempre fiz, e acordar no dia seguinte com uma enxurrada de mensagens, compartilhamentos, curtidas e comentários. 

O texto em questão nunca mais teve sossego — ele é compartilhado e plagiado até hoje.

Sucesso e reconhecimento é bom, mas não é tudo. Há coisas mais valiosas, e neste artigo, vou te contar quais são.

A crença: muita gente te seguindo = muito dinheiro no bolso

Como quase todo mundo que começa a empreender na internet e usa o Instagram de forma profissional, eu me comparava e acreditava que número de seguidores era sinônimo de sucesso. 

Eu pensava, uau!, imagina se essa pessoa, com ~x~ seguidores, vender um curso a R$ 197… pelo menos metade dessa galera vai comprar e aí a vida dessa pessoa tá feita!

Não poderia estar mais enganada.

Com o passar dos anos, descobri que número de seguidor não paga boleto e — pasme! — engajamento, também não. 

Instagram é terra de aparências, embora ainda seja uma rede social interessante para atuar com estratégias de vendas.

Há pessoas que te acompanham por pura curiosidade.

Há aquelas que gostam do que você escreve, mas não acham que é tão valioso assim a ponto de pagarem por um livro seu.

Há também aqueles que compram, compartilham, divulgam e apoiam o seu trabalho.

Mas não é a maioria.

O problema: tudo junto e misturado = dificuldade de encontrar meu cliente ideal

Por conta do texto que viralizou, muita gente nova chegou ao meu perfil. Seria lindo se não fosse trágico: aquelas pessoas estavam interessadas em mais textos como aquele e essa não era exatamente a minha proposta.

O ruído de comunicação foi alto e o resultado apareceu: engajamento bom apenas quando eu publicava textão polêmico. Quando tentava vender meu peixe, os números caíam na hora.

Meu conteúdo não era ruim: ele só não estava sendo entregue para as pessoas certas.

Aprendi, na marra, e deixando meu ego e orgulho pra lá, que mais vale 300 pessoas de olho no que você faz, interagindo, com foco, porque sabem o que esperar de ti, do que milhares criando expectativa em cima de algo que você não vai entregar.

Eu recebia muitas mensagens do tipo ~Nossa, você arrasa, já tô aguardando o próximo textão reflexivo!~, que me deixavam frustrada e que também causavam frustração. 

Vinha uma cobrança interna, como se eu precisasse parir um texto f*da, custe o que custar, pra fazer a alegria do algoritmo e da pessoa que me mandara a mensagem. 

Meu cliente ideal não se apresentava porque ele não existia. Eu não deixava claro quais eram as minhas intenções.

Isso se revelou uma armadilha: eu priorizava quem se encantou pelos meus textos mas não focava no meu grande sonho, que era auxiliar pessoas altamente sensíveis (PAS).

A solução: abandonar o orgulho = recomeçar com coragem

Uma vez entendido que eu não conseguiria atingir meus objetivos criando conteúdo sobre alta sensibilidade para pessoas que esperavam outro tipo de publicação, tomei a decisão de abandonar o perfil, que chegou a 21 mil seguidores.

É claro que há outras razões envolvidas — como alguns traumas, perseguições e ameaças que recebi por conta do que eu escrevia —, mas não vale a pena citar todas elas. 

O que interessa é que foi só dar início a um novo perfil, que eu senti o coração respirar. E o melhor: estou tendo a chance de ver quem se interessa de verdade pelo que tenho pra compartilhar.

Estou focada nas pessoas altamente sensíveis (PAS) e o resultado tá sendo a coisa mais linda. 

Boa parte do meu ego murchou e eu sou capaz de vibrar com cada mensagem que recebo. Eu não me comparo mais, porque estou trilhando um caminho único, só meu. Estou sendo de verdade.

Um amigo veio comentar a mudança, chocado: ~Você é louca! Todo mundo querendo ter o ~arrasta pra cima~, querendo ultrapassar os 10 mil seguidores, e você aí jogando tudo isso fora~. Sorri e expliquei que eu estava jogando fora a necessidade de ser amada por pessoas que nem ao menos se conectavam com o que eu queria fazer.

Loucura é permanecer no mesmo lugar por status, por medo de perder prestígio, mesmo quando o seu olhar não brilha mais.

O resultado: eu não tenho seguidores, tenho pessoas e clientes em potencial

É muito esquisito falar em seguidor, porque dá a impressão que somos gurus, que somos mais e quem nos segue, menos. 

Utilizo a palavra ~seguidores~ porque facilita o contexto, mas não curto.

Comecei um novo perfil há menos de uma semana e não me arrependo. Recebo carinhosamente cada pessoa que chega. Elas não me seguem: elas me acompanham. Elas se identificam com a dor e a delícia de ser altamente sensível, elas entendem o que quero dizer e partilham suas histórias, sem medo. 

O que estou construindo, embora pequeno, é muito mais bonito agora. Estou devolvendo a mim e a essas pessoas o sentimento de pertencer. Estou compreendendo e sendo compreendida.

A necessidade de ser amada e querida diminui, assim como o perfeccionismo e a mania de agradar, porque tirei os holofotes de cima de mim e abracei aquilo que mais amo fazer: ensinar e servir aos outros.

2 pessoas se atreveram a comentar

  • Querida, boa noite? Achei leve a sua colocação para pessoas com essas caracteristicas que sao tao mal vistas pela sociedade, até pelos proprios profissionais da saude…. vc poderia me detalhar um pouco mais sobre a historia do “PAS”?

    • Oi, Claudia, tudo bem? Acredito que você tenha ficado confusa sobre as características de uma pessoa altamente sensível, certo?

      A alta sensibilidade é um traço de personalidade que, quando não compreendido, pode ser confundido com introversão, timidez, depressão… embora muitas PAS acabem desenvolvendo transtornos mentais, não podemos associar logo uma coisa à outra.

      Recomendo a leitura do livro “Use a sensibilidade a seu favor”, da doutora Elaine Aron, que já está em pré-venda, na Amazon (tanto a versão física quanto digital). Esse livro é o começo de tudo, foi escrito originalmente em 1996, mas deve haver alguma atualização para essa nova edição. Espero ter contribuído e qualquer coisa, pode me escrever! 🙂