Tá tudo bem não publicar ou aparecer 30 vezes por dia (e o conteúdo lento taí para te provar)

Eu não curto fórmulas e receitinhas ~incríveis~ de engajamento. Ainda assim, não deixei de comprar cursos online que prometiam mundos e fundos para o meu negócio digital.

Quem dera essa história de ~ter sucesso~, ~ser vista~, ~viver do que se ama~ e blablablá fosse escrita em linha reta, com exatidão, assim como 1 + 1 = 2.

Já comprei curso de tudo quanto é tipo, nos mais variados formatos. Finalizei alguns, abandonei a maioria. 

Talvez eu seja exigente ou talvez eu apenas perceba que o consenso é sempre o mesmo: não dou conta de tanto ~hack~. Não consigo aplicar. Toda vez que tento, fracasso.

Se você também se sente assim, chega mais, porque essa angústia é coletiva.

“Se você não aparecer, não vai vender”: quem disse que não?

Marketing de conteúdo (de qualidade!) não acontece do dia pra noite. Conteúdo bom envolve pesquisa, tempo, discernimento. 

Esquece aquele texto estilo colcha de retalhos, só pra encorpar: ou você sabe muito bem do que está falando ou não. 

Ou você investe tempo (talvez até um dia inteiro, como é o meu caso: sim, pode falar que eu sou devagar. Um artigo meu não fica pronto em menos de 24h) para entregar o ouro ou seu conteúdo será mais do mesmo. 

Você não precisa aparecer trocentas vezes no story do Instagram pra vender. Você não precisa publicar todos os dias e nem crescer a sua lista de e-mails diariamente. Aliás, você nem mesmo precisa enviar e-mails semanais! Há uma palavra que automatiza todo esse processo: CONEXÃO.

O ponto é se deixar levar pelo mito do ~quem não é visto, não é lembrado~

Se a pessoa que você curte não tá aparecendo muito, o que você faz? Vai atrás dela. Vai fuçar, vai lá ver o que aconteceu. 

Quando você se conecta ao conteúdo de alguém, essa pessoa ganha um lugar especial na tua memória. Quer uns exemplos?

4 mulheres com conteúdo marcante e que podem sumir o tempo que for

  • Laís Schulz é uma escritora e fotógrafa que admiro muito, mas que não tá publicando direto nem aparecendo todo santo dia no Instagram. Mesmo assim, não deixo de ir até o perfil dela pra ver se tem algo novo. Aliás, o dia que essa mulher lançar um livro, serei a primeira a comprar. Por quê? Porque me conectei com o que ela escrevia lá em 2017.
  • Pam Ribeiro é uma bruxa urbana que manja de tarot e espiritualidade consciente. Ela se prioriza e silencia sempre que necessário. Não ligo de esperar ela voltar e devoro até mesmo conteúdo antigo. Por quê? Porque me conectei com ela e suas falas sobre racismo no meio espiritual, em 2020.
  • Mirelle Mathias, uma fotógrafa brasileira que mora na França, tá passando por uma barra na vida pessoal e não tem conseguido produzir conteúdo. Eu torço muito por ela e marcarei um ensaio assim que ela vier ao Brasil. Por quê? Porque me conectei com o jeito autêntico e polêmico dela lá em 2013.
  • Lua Menezes, terapeuta sexual, não entope minha caixa de entrada com frequência, então, quando chega e-mail dela, eu até vibro, porque sei que virá um apanhado de coisa boa. Essa mulher pode sumir, fazer detox digital e nunca mais me mandar e-mail: ainda assim, eu não vou esquecê-la. Por quê? Porque me conectei com as dores dela em relação à sexualidade, lá em 2018.

Construindo a sua saída de emergência e produzindo lentamente: como se dar ao luxo de sumir?

Acredito que quase todo mundo começa se empolgando no universo da produção de conteúdo. 

E dá-lhe artigo, dá-lhe reflexão curta, e vamos de vídeo, e agora um podcast, um site, um livro, uma newsletter, um curso ou… CALMA, SER DE LUZ.

Qual é o problema de crescer devagar? O que tem de mais você quebrar o calendário editorial porque tá se sentindo esgotada? Quem disse que você precisa se posicionar sobre tudo, mostrar os bastidores do que faz todos os dias e abrir caixinha de perguntas até quando você não tá a fim de perguntar?

Algumas coisas só chegam com o tempo…

Se você se empolgou no início, achando que conseguiria manter as coisas assim a longo prazo, ótimo: você construiu uma base, então se dê ao luxo de sumir.

Se o teu castelo ainda é feito de areia, respira: produza devagar, com mais consciência, sem atropelar sua saúde mental.

Produzir lentamente envolve:

  • Muita pesquisa;
  • Muita observação;
  • Tempo para digerir a informação e transformá-la em conteúdo;
  • Tempo para analisar o retorno e ver onde dá pra melhorar;
  • Mais qualidade;
  • Mais cuidado e atenção;
  • Mais verificação dos fatos;
  • Muita calma;
  • Respeitar o seu ritmo

…e algo que acrescento por conta própria: nunca, jamais, se comparar com o ritmo dos outros.

“Onde você for, eu vou”: o que alguns meses longe do Instagram me mostraram

Dou minha cara a tapa no Instagram desde 2017, mas, em agosto de 2020, precisei sumir. 

Tenho um carinho imenso por cada pessoa que me acompanha, então fui lá e fiz um textão explicando o que estava acontecendo.

Enquanto meu corpo descambava e minha saúde mental ia pro saco, desinstalei o Instagram.

Pessimista como só alguém em meio a uma crise depressiva é capaz de ser, achei que era o fim. Que tudo que eu havia construído se perderia. Que as pessoas se esqueceriam. 

Mas, de vez em quando, chegava uma mensagem pelas minhas outras redes sociais. 

Mensagens curtas ou longas, que me enchiam de força e me faziam sorrir, mesmo que, naquela altura, eu só tivesse vontade de chorar: ~Passei só pra saber se você tá bem. Quando você voltar, estarei aqui. Meu coração tá com você. Aquele seu texto me salvou. Você não é a sua doença e eu tenho certeza que você vai sair dessa~.

Já escrevi isso antes, mas vou repetir: as pessoas só se esquecem de você quando o seu conteúdo é ruim.

Quando você entra na mente e no coração de alguém, sumir é o menor dos seus problemas.

Experimente se conectar de verdade: apareça nos ~stories~ porque você QUER aparecer, produza e publique porque aquilo ali tá martelando forte na tua mente, lance e venda não só porque precisa pagar conta, mas porque sabe que, com o que oferece, pode mudar o dia ou a vida de alguém.

Isso é ter essência. 

Isso é criar uma comunidade fiel de pessoas que notarão o seu sumiço e serão as primeiras a dizer: ~Fica bem, demore quanto quiser, mude de canal, vá para Marte: onde você for, eu vou~. 

Você tem algo a dizer?