6 pequenas coisas que atrapalham o dia a dia de profissionais altamente sensíveis

Pessoas altamente sensíveis (PAS) estão quase sempre sob pressão, afinal, vivem num mundo que não foi feito para elas.

Uma das nossas maiores dores é não conseguir explicar muito bem por que tá doendo. As não PAS ao nosso redor ficam preocupadas: ~Que foi? Que cara é essa? Mas por que isso te incomoda tanto?~, enquanto nós nos debatemos com a sobrecarga gerada.

Essa sobrecarga pode vir dos lugares mais improváveis, quando a diferença entre PAS e não PAS se torna gritante. Isto é, quando algo que me perturba demais passa batido para alguém que não possui o traço da alta sensibilidade.

É importante falar do que incomoda: assim, ensinamos às não PAS como nosso mundo funciona.

Para o artigo de hoje, separei 6 coisas aparentemente pequenas que podem chacoalhar o mundo de uma PAS e interferir no seu desempenho profissional.

Se você for uma PAS, o entendimento será imediato. Se não for, peço que se esforce: o que é insignificante para você, pode ser desesperador para mim.

1. Tópicos de conversa superficiais ou sem sentido

Pessoas altamente sensíveis (PAS) amam conversas profundas e significativas. Gostamos de mergulhar, logo, é um pouco difícil permanecer numa rodinha com conversa fiada, sem que a exaustão apareça.

Se a bobajada durar muito tempo, nossa mente divaga, já começamos a olhar para os lados, a ter vontade de levantar, a nos sentir realmente cansadas.

PAS que trabalham presencialmente costumam traçar estratégias para lidar com colegas fofoqueiras, pois as ~panelinhas~ são um fato em qualquer trabalho.

ENTENDA: não é que uma PAS não saiba jogar conversa fora, contar piadas, se divertir, interagir. É que há um processo diferenciado na hora de assimilar ideias, e aí como consequência da alta sensibilidade, vem a sensação de estar sobrecarregada.

2. Muitas pessoas ao mesmo tempo

Aconteceu comigo recentemente, numa festa de aniversário com muitas pessoas.

Eu cheguei, cumprimentei algumas (era muita gente, mesmo) e numa certa altura, estava bem, sentindo que as conversas fluíam, dando risada dos causos, tranquila e em paz comigo mesma.

De repente, veio um mal estar, uma necessidade urgente de ficar sozinha, de pegar um pouco de ar fresco.

As pessoas com quem eu estava conversando não fizeram nada: foi o meu cérebro que ~bateu no teto e voltou~. O cérebro altamente sensível não dá conta de absorver tudo e ali, numa simples confraternização, tudo se tornou demais: muita conversa, muito estímulo, muito movimento de uma só vez.

ENTENDA: não é que uma PAS não possa ficar perto de muitas pessoas, é só que um respiro faz bem. É como se precisássemos recuar para nos aproximar novamente.

3. À flor da pele: sobre texturas de roupas

Para pessoas menos sensíveis, uma etiqueta desconfortável em uma camisa é apenas isso: desconfortável. Pode ser levemente irritante, mas logo passa ou a pessoa se distrai com outra coisa.

No caso das PAS, essa etiqueta desconfortável pode muito bem ser a irritação do dia: todo o nosso foco será em resolver aquele pedacinho de tecido pinicando.

Só me dei conta do quanto esse detalhe me incomodava quando perguntei, certa vez, se podia arrancar a etiqueta do uniforme da empresa em que eu trabalhava. Rindo, minha superiora disse ~Claro que não! É só uma etiqueta, onde já se viu isso?~.

ENTENDA: uma PAS pode ser extremamente sensível ao toque e diferentes texturas. A fricção na pele é real, incomoda, desestabiliza, portanto, reavalie a necessidade daquele uniforme grosso e ~piniquento~.

4. Barulhos (de todo tipo!)

Você já ouviu falar em misofonia? A misofonia é uma condição na qual certos sons (ou o excesso de som) podem causar sentimentos de aborrecimento, raiva ou pânico.

Eu sou uma PAS que não suporta determinados ruídos. Gente mastigando de boca aberta, por exemplo, é algo que me corrói: dá vontade de pular em cima da pessoa e socá-la!

No escritório, sempre tinha aquele ser abençoado tamborilando na mesa. Pronto: eu já sentia uma agonia. Colega mascando chiclete e fazendo bolas até estourar: socorro! Eu realmente procurava sair e dar uma volta, a fim de me acalmar.

É constrangedor porque, bom, como chegar em alguém e pedir que ela não masque aquele maldito chiclete? Até hoje, opto pela fuga. Não consigo ficar perto, logo, não fico. ~As incomodadas que se mudem~: eis o meu lema.

ENTENDA: uma PAS com misofonia não está de frescura, implicando com você. Ela pode ficar irritada, furiosa ou mesmo em pânico quando ouve determinados sons. Cabe a você compreender que é uma condição inerente à sua colega, para que possam buscar, juntas, a melhor solução.

5. Estímulos emocionais externos

Casa da vó + horário do almoço = notícias horríveis. Na verdade, se isso ocorresse somente na casa da vó, tava até bom. As mídias sociais estão presentes no nosso dia a dia, o que pode ser muito estressante para uma PAS.

Ao tentar lidar com muitos estímulos externos, o cérebro altamente sensível acaba entrando em sobrecarga sensorial. Observar o ciclo de notícias pode fazer com que a mente de uma PAS trave figurativamente, devido à quantidade de processamento de informações.

ENTENDA: para uma PAS, se desconectar de notícias e mídias sociais é vital, pois isso as atinge com muito mais força. Logo, a saúde mental equilibrada de uma pessoa altamente sensível passa por esse filtro de consumo.

6. Sentir-se incompreendida

Você conhece alguém que parece não ligar para o que os outros pensam? Essa pessoa, infelizmente, não é você. PAS são conscientes demais de si mesmas e dos outros para agir na base do ~nem ligo~.

Justamente por saber que seremos incompreendidas, o nosso sofrimento aumenta. É preciso trabalhar com essa condição inata que é a alta sensibilidade. É preciso lembrar que não estamos imunes às situações estressantes, mas podemos escolher como gerenciá-las.

ENTENDA: é assustador não ser compreendida por pessoas que não se identificam como altamente sensíveis. Só de termos essa consciência, ficamos sobrecarregadas.

Não existe consenso: cada PAS, uma experiência

Quanto mais estudo sobre alta sensibilidade e conheço outras PAS, mais percebo quão singular é a experiência de cada uma.

Gosto de reforçar que partilhamos apenas um traço comum, porque mesmo diante de situações consideradas estressantes, agiremos a partir do nosso próprio repertório.

Nossos níveis de respostas a estímulos variam. Para mim, uma postagem perturbadora nas redes sociais pode desencadear uma crise de choro, mas para outra PAS, talvez isso não aconteça.

Vale destacar que nenhuma reação é ~errada~. Tudo que você sente tem valor.

No fim, o que permanece consistente é a estranheza das não PAS e a nossa mania de tentar explicar por que ~somos desse jeito~.

Honestamente? Sugiro que você não se explique demais. A maioria não vai entender e você, sendo PAS, ficará ainda mais sobrecarregada.

Foque em cuidar de você. Retire-se quando necessário e busque criar o melhor cenário para a sua alma sensível.

O mundo não se adequa a pessoas como nós e mesmo assim, vivemos nele.

Então confie na sua capacidade de transmutar o que ainda não está bom. Não desanime no meio do caminho, e por favor, não pense que está sozinha. Modificar as coisas leva tempo. E do lado de cá, eu também estou tentando.

Você tem algo a dizer?