3 coisas que as pessoas altamente sensíveis querem que você saiba

Tem sido reconfortante observar o aumento do interesse no assunto. Talvez, você, pessoa com sensibilidade média, que sempre olhou torto para aquela colega de trabalho que chorava por ~qualquer coisa~, agora esteja se perguntando: ~Será que ela não é uma pessoa altamente sensível?~.

A alta sensibilidade está ganhando espaço e eu fico, em parte, aliviada. Por outro lado, me estresso, porque a necessidade de esclarecer as coisas torna-se latente e isso pode ser um pouco exaustivo.

É o velho dilema das PAS: querer fazer a diferença e, ao mesmo tempo, ficar quietinha, num quarto escuro, torcendo para que os outros compreendam o que queremos dizer só por osmose.

Tua sorte é que hoje eu estou bem o suficiente para detalhar alguns pontos sobre a alta sensibilidade.

Neste artigo curtinho, separei três coisas que eu e, imagino, todas as outras pessoas altamente sensíveis gostaríamos que o mundo (ou a parcela pouco sensível dele) soubesse.

1. Nem sempre nossa sensibilidade profunda é escancarada

Sentimos tudo profundamente, mas também nos tornamos hábeis em esconder o que se passa, porque, desde cedo, aprendemos que esse ~exagero~ todo na nossa forma de se comportar constrangeria a maioria das pessoas. Aprendemos a recuar. Uma estratégia de sobrevivência eficaz, eu diria.

Embora cada vez mais as PAS consigam se fazer ouvir, o caminho para sentirem-se bem aceitas ainda é longo.

2. Podemos parecer desconfortáveis e fazer cara feia em situações sociais

O que não significa, de forma alguma, que não gostamos de nos relacionar. Pelo contrário! Relacionamentos nos permitem a máxima expressão de quem somos, sobretudo após alguma intimidade.

Pena que a sociedade gosta de dizer que a ~primeira impressão é a que fica~. Nesse sentido, as pessoas altamente sensíveis (PAS) já saem perdendo. O desconforto social delas (geralmente por conta do excesso de estímulos) colabora para que sejam rotuladas como tímidas, antissociais, metidas etc.

O mais louco é que nós, como pessoas altamente sensíveis, sabemos que estamos sendo rotuladas, sentimos isso vindo dos outros, e dificilmente conseguimos fazer algo para mudar: nosso cérebro e coração estão agitados demais tentando dar conta de tanta estimulação.

3. Somos hipersensíveis à rejeição

Como todo mundo, queremos ser apreciadas e sentir que fazemos parte de algo. Pode parecer carência, mas, na verdade, é só medo de revisitar um antigo sentimento de rejeição.

Podemos ficar muito mais magoadas e ressentidas quando se esquecem de nós, porque raramente nos esquecemos de quem gostamos. Pessoas altamente sensíveis tendem a esperar demais.

Aprender a baixar nossas expectativas, enquanto PAS, é um desafio que vale a pena. Nós nascemos prontas para nos relacionar e doar o melhor de nós, mas ser silenciada e incentivada a medir nossas atitudes, desde que éramos um pingo de gente, teve lá suas consequências.

E mais uma coisa que eu gostaria que você soubesse

Há muito respaldo científico e literatura sobre o assunto, em inglês. Isso significa que a pesquisa sobre alta sensibilidade no Brasil está engatinhando.

Produzindo conteúdo e traduzindo muito do que leio, percebo que muitas PAS se sentem sozinhas.

Essa falta de apoio, anos atrás, impactou a minha vida de muitas formas. Entrei em muitas furadas, porque ninguém conseguia explicar o que estava acontecendo comigo. Era uma solidão esquisita.

Já recebi diversos rótulos e os abracei, porque era bom dar nome às coisas. Sendo assim, ~tive~ tudo que você puder imaginar: síndrome do pânico, fobia social, transtorno explosivo intermitente, bipolaridade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno borderline, somatização, anorexia, etc.

O diagnóstico que mais me esclareceu e acendeu uma luz dentro de mim foi: enfrento um quadro depressivo, agravado com o passar dos anos e do não entendimento da alta sensibilidade. Desenvolvi traumas psicológicos e complexos por acreditar, desde muito cedo, que havia alguma coisa errada comigo. Estou em tratamento psiquiátrico há quase um ano e me sinto muito melhor.

Mas de vez em quando me pergunto: e se o ideal da nossa cultura fosse ser sensível demais? E se a sensibilidade fosse valorizada e incentivada… será que, ainda assim, eu teria caído nas garras da depressão?

Quando converso com pessoas altamente sensíveis, o que mais me dói é ver que elas estão seguindo uma trajetória parecida com a minha, distorcendo a própria imagem.

É por isso que, a fim de apoiar quem tá na jornada, curiosa para entender melhor como o traço da alta sensibilidade atua, que lancei minha primeira consultoria para pessoas altamente sensíveis.

Um espaço para redesenhar a forma como você lida com o fato de ser PAS e para confirmar que está tudo bem ser exatamente quem você é, seja lá o que tenham dito que você deveria ser.

Clique aqui para entender como funciona.

Espero você do outro lado do medo — ops, da tela.

Você tem algo a dizer?