Por que o trabalho remoto pode ser a melhor opção para pessoas altamente sensíveis (PAS)?

Como pessoa altamente sensível (PAS), tendo a me sentir exausta facilmente. Enquanto o povo tá falando de sair do trabalho e em seguida tomar uma cerveja naquele bar lotado de gente, com música ao vivo, eu tô só contando as horas para chegar em casa – ou melhor, estava. Desde que adotei o estilo de trabalho remoto, há cinco anos, a minha qualidade de vida melhorou.

Para inspirar você, que talvez se identifique com o traço da alta sensibilidade, decidi mostrar as vantagens de trabalhar a distância (e um pouquinho das desvantagens também, pois não existe modelo de trabalho perfeito).

O que é trabalho remoto, mesmo?

Trabalho remoto é aquele que pode ser feito a distância e de qualquer lugar. Difere do home office, também conhecido como teletrabalho. Isso porque trabalhar remotamente pressupõe que qualquer lugar é válido, desde que você entregue o que foi combinado. Já no home office, a pessoa trabalha necessariamente de casa e pode comparecer ao escritório algumas vezes.

O trabalho remoto se tornou muito popular devido à pandemia, mas, para funcionar, é preciso uma combinação de cultura, tecnologia e processos.

Migrar as pessoas do trabalho presencial para o remoto sem preparo algum pode ser estressante. E estresse é tudo que as pessoas altamente sensíveis (PAS) não precisam.

Principais vantagens do trabalho remoto para pessoas altamente sensíveis (PAS)

1. Poupar tempo no trânsito = dormir mais e melhor

Se tinha um negócio que ninguém conseguia entender, quando eu trabalhava no regime CLT, era a facilidade com que eu adormecia no ônibus. Alguns anos atrás, eu pegava de dois a três ônibus só para chegar ao trabalho e isso incluía ter que dormir e acordar bem mais cedo. Aquele sacolejo todo e até mesmo as pessoas tagarelando: que soneira! O detalhe engraçado é que mesmo ~empacotada~, nunca perdi o ponto, hahah!

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Poder poupar tempo no trânsito é sinônimo de qualidade de vida: você melhora a higiene do sono, consegue tomar café da manhã com mais calma, fazer exercícios físicos, ler e até bater um papo com suas plantas, parceiros, gatos, cachorros, etc. Para quem é altamente sensível, ter tempo suficiente conta muitos pontos: a maioria das PAS (me incluo) detesta ser apressada.

2. Descobrir e respeitar seus ritmos

Assuma o controle sobre quais distrações você permite em seu tempo e espaço. Não trabalhamos todas da mesma forma nem no mesmo ritmo. Eu sou aquele tipo de pessoa que não perde uma oportunidade de colocar os pés na grama e andar entre as árvores (a foto abaixo, inclusive, é do jardim de casa). São essas micropausas que me recarregam e permitem que eu trabalhe com eficiência. Quando estou muito nervosa diante de alguma questão profissional, corro para o jardim e descanso um pouco os pensamentos.

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Se onde você está não tem natureza, tudo bem: é só encontrar algo que te regenera e praticar algumas vezes por dia. Pode ser uma conversa breve com alguém que você ama, ler uns trechos do seu livro favorito, caminhar sem pressa pelo bairro, brincar com um bichinho de estimação… enfim, as opções são muitas. Ficar vidrada no trabalho, achando que tem de almoçar olhando para a própria agenda, não é saudável para ninguém, mas menos ainda para uma PAS.

3. Total controle do ambiente (ou quase)

Chega daquela playlist insuportável do seu colega de mesa! Diga adeus aos olhares enviesados, piadas sobre sua forma de vestir, iluminação desconfortável, orelhas doloridas de tanto usar fones de ouvido, fofoca desnecessária e muito mais. É claro que nem tudo poderá ser controlado, como barulhos externos de construção, carros freando, galera da Igreja cantando, coisa e tal. Mas boa parte do incômodo que atormenta o cérebro altamente sensível será eliminado.

Buscando equilíbrio: riscos que uma PAS corre ao trabalhar remotamente

Eu disse que nem tudo são flores. Trabalhar a distância é legal, mas talvez não seja para todo mundo. Citei três pontos que me afetaram bastante no início para você avaliar.

1. Falta de rotina

Acordar cedo, encarar o trânsito, bater cartão pode ser chato, mas te coloca numa rotina. Quando você trabalha de forma remota, é preciso ter mais disciplina. Confesso que nem sempre é fácil, principalmente se você não tem um cantinho específico da casa só para trabalhar e a sua cama tá logo ali (é o meu caso: trabalho no meu quarto).

2. Risco de procrastinação

Computadores da firma são geralmente monitorados, o que pode auxiliar no foco. Mas quando você tem um mundo de possibilidades à sua frente… haja determinação! Procrastinar é viciante e desesperador. Eduque seu cérebro para entender que recompensas imediatas (exemplo: ~Ah, por que começar a trabalhar agora se eu posso dar uma voltinha pelo Instagram antes, só para ver qual o meme do dia?~) costumam atrasar seu rendimento no trabalho.

3. Isolamento maior que o normal

Se você é uma pessoa altamente sensível (PAS) introvertida, há uma boa chance de gostar de se isolar. Por um lado, isso pode ser bom, pois te ajuda a relaxar. Por outro, você corre o risco de não desenvolver muito bem algumas habilidades sociais.

É importante e eu diria que até essencial se cercar e conviver com pessoas que não possuem o traço da alta sensibilidade: elas trazem mais senso de realidade, mais objetividade e te encorajam a tomar decisões de forma assertiva.

Querer ficar perto apenas de quem também é PAS pode ser desgastante, já que temos tendência à ruminação e sentimos tudo profundamente. Sendo assim, um pouco de lógica e raciocínio prático é muito bem-vindo.

Atenção: todo home office é trabalho remoto, mas nem todo trabalho remoto é home office

Como expliquei no comecinho do artigo, no trabalho remoto, tudo é feito a distância. Não importa onde você está: em casa, num coworking, à beira da praia, no aeroporto, o importante é a entrega. Você fica mais à vontade para fazer seus horários e se sente menos pressionada. Para mim, funciona.

O que é melhor para uma PAS? Trabalhar de casa, atrelada a uma empresa, ou trabalhar remotamente? Depende. Se uma PAS tem muita dificuldade para estabelecer prioridades e ser disciplinada, talvez o home office seja mais interessante. Se ela não aguenta pressão e sente que seu desempenho é menor quando vigiada, trabalhar remotamente, podendo escolher o lugar, talvez faça mais sentido.

Não tenho como afirmar 100% que home office é a melhor escolha ou que toda PAS vai amar trabalhar de forma remota. Mas de uma coisa tenho certeza: o modelo tradicional de trabalho não cabe na alma gigante de quem nasceu pra sentir demais.

Você tem algo a dizer?