Nem todo homem acha que mulher que rebola até o chão é puta.
Mas todo homem já foi incentivado a pensar que sim.
Nem todo homem assobia para mulheres na rua.
Mas todo homem conhece outro que faz isso.
Nem todo homem debocha do corpo de uma mulher.
Mas todo homem reconhece esse comportamento em seu círculo de amigos.
Nem todo homem tem vergonha de chorar.
Mas todo homem cresceu ouvindo que menino não chora.
Nem todo homem se considera o rei da selva, macho alfa e pegador.
Mas todos são incentivados a agir como tal pelos familiares, pelos amigos ou pela mídia.
Nem todo homem vira pro lado e dorme depois de gozar, esquecendo que há outro ser humano ali na cama.
Mas todo homem é condicionado a pensar que tudo bem fazer uma dessas. Que tudo bem transar no piloto automático.
Nem todo homem tem medo ou se sente ameaçado por uma mulher no ambiente de trabalho.
Mas todo homem já viu uma colega sendo inferiorizada, chorando ou tendo que impor respeito.
Nem todos estão conscientes do quanto suas palavras e atitudes podem impactar. De como tudo aquilo que fazem chega até uma mulher.
Nem todos conseguem perceber a influência do machismo na própria trajetória. Alguns, infelizmente, jamais conseguirão olhar com carinho para seus pais, tios e avôs. Outros nem terão a chance de mergulhar em si mesmos, em busca de cura e de amor.
Mas eu não perco as esperanças.
Há homens fazendo o caminho inverso.
Há homens procurando terapia.
Há homens dispostos a equilibrar a balança.
Às vezes – confesso – me pergunto onde eles estão. E em seguida me lembro: não é fácil desabrochar. Não é fácil reconhecer que você passou boa parte da vida fazendo merda. Causando mal. Para pra pensar: quantas mulheres você já magoou, feriu, diminuiu e fez chorar?
Tá tudo bem.
A dificuldade de vocês é a minha também.
Ninguém quer admitir que foi (ou é) algoz.
Mas quanto antes um homem reconhecer o desequilíbrio no seu próprio ser, maior a chance de uma cura coletiva acontecer.
Por isso, coragem, homens.
Vocês têm esse poder.
A energia masculina que habita em mim acredita desesperadamente na que habita em você.
Oi Paty. Espero que essa mensagem te encontre tendo um bom dia ❣️
Gratidão pela reflexão “Nem Todo Homem (mas todo homem)”. Eu havia lido esse texto a um tempo atrás, e senti um poder imenso nele.
Meu nome é Leone, e vivo numa cidade pequena no interior de MG. Nesse mês do orgulho LGBT, pela primeira vez aqui na minha cidade de 24mil habitantes surgiu uma organização grande abrindo espaço para uma palestra/debate sobre LGBTs por aqui. E eu fui convidado pra estar guiando.
Venho pensando no que quero abordar e como acho importante abordar. Então me lembre do seu texto, e me veio a ideia de te consultar. Eu poderia fazer algumas impressões do seu texto pra entregar às pessoas no final deste encontro que teremos aqui? Eu poderia fazer algo além por você, além de também dar os créditos autorais?
Independente da sua resposta, enfatizo meu obrigado por seu tempo e trabalho!
Oi, Leone! Tudo bem?
Que incrível saber disso! Claro que pode utilizar o texto, fica à vontade, dando os créditos, tudo certo. Eu gostaria de poder assistir a essa palestra, será que tem jeito? Haverá transmissão ao vivo? Inclusive, me proponho a auxiliar na divulgação dela no LinkedIn, onde o mês do Orgulho LGBT tá ganhando bastante destaque, o que você acha?