Parabéns pra mim: 32 tombos (ou lições) profissionais para rir e chorar

Ontem, dia 21 de abril, completei 32 anos de pura teimosia, inteligência e sensibilidade.

Se bem que, quando paro pra pensar na minha trajetória profissional, não me acho muito inteligente, não.

Pra comemorar esse segundo aniversário atípico, pandêmico, sem poder abraçar pessoas que amo, resolvi listar 32 tombos (ou apuros/lições/aprendizados) profissionais que talvez tenham me tornado a profissional que eu sou hoje.

O riso (ou o choro) é por tua conta.

~Jaque Patombá~, tombei:

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  1. Quando dei aula de inglês no Batalhão, para jovens militares, e eles disseram que eu estava perdendo tempo, porque o destino deles já estava traçado.
  2. Quando falei, em voz alta, que desejava que o aluno ~x~ não aparecesse e o diretor da escola ouviu.
  3. Quando estava em sala de aula, lendo, toda feliz, o poema ~Trem de ferro~, do Manuel Bandeira, e a turma me ignorou, começando uma animada guerra de bolinha de papel.
  4. Quando uma aluna chegou pra mim com os olhos cheios d’água e disse que não trouxera a tarefa porque o pai havia batido nela e na mãe e rasgado seu caderno.
  5. Quando bloqueei minha ex-chefe no WhatsApp, logo após pedir demissão, e ela deu um jeito de me mandar mensagens desaforadas mesmo assim.
  6. Quando estava prestes a receber uma aluna na escola e resolvi desinfetar o banheiro rapidinho, com aquele spray de baratas. Não deu 10 segundos, as baratas voaram pelo ralo e invadiram a escola.
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  1. Quando tentei emprego em Portugal e ouvi que eu era muito simpática e sorridente, logo, eu não seria contratada porque isso poderia ~confundir~ os fregueses, se é que você me entende.
  2. Quando larguei a carteira assinada sem me planejar direito, achando que conseguiria sobreviver só com o valor da rescisão.
  3. Quando fiquei tão esgotada emocional e profissionalmente que, ao receber um e-mail de 2 linhas para revisar, levei quase 2 horas.
  4. Quando cobrei 40 reais (!!!) por 3 artigos de mais de 500 palavras cada um.
  5. Quando me preocupei muito mais com o logotipo da minha empresa que com o conteúdo do meu blog.
  6. Quando iniciei uma newsletter e desisti.
  7. Quando aceitei ser, além de professora, faxineira da escola.
  8. Quando, durante uma reunião, meu ex-chefe pediu licença para comparar a minha atitude de mulher que não ficava quieta a de uma vaca difícil de domar.
  9. Quando paguei de besta fingindo que não entendi o conceito de ~meritocracia~, que meu ex-chefe me obrigava a usar na hora da venda.
  10. Quando ouvi que mulher leva mais jeito para fazer café do que homem, por isso, além de dar aulas, fazer café também seria minha função.
  11. Quando disseram que eu era muito sensível e dava atenção demais ao falar com clientes frustrados.
  12. Quando precisei entrevistar pessoas para substituir o meu cargo e meu chefe pediu que eu omitisse, aos homens, a função de fazer café e limpar o banheiro, mas que não esquecesse de mencionar essa parte às mulheres.
  13. Quando desabei e tive uma crise de choro na frente de um ex-chefe e ele disse que era só questão de eu aprender a separar o ~lado pessoal~ do ~profissional~.
  14. Quando trabalhei vendendo cristais caríssimos e um cliente americano me deu um baita sermão em inglês, porque não expliquei direito sobre o cristal que ele havia escolhido.
  15. Quando uma colega de trabalho me ensinou a fazer um ~caixa dois~ sem a dona do local perceber e armou pra cima de mim, me acusando de ter ensinado isso a ela.
  16. Quando pedi demissão porque estava de mudança para outra cidade e meu chefe rogou uma praga, dizendo que eu ia me arrepender e que voltaria correndo para ele (spoiler: não voltei).
  17. Quando um ex-chefe me convidou para sair e pediu que ficasse entre nós (eu tinha apenas 19 anos e ele, além de casado, era muito mais velho).
  18. Quando aceitava fazer hora extra só para ficar completamente sozinha no escritório e trabalhar em paz, sem ninguém cacarejando no meu ouvido.
  19. Quando abri demais minha vida pessoal e as pessoas do trabalho usaram isso contra mim.
  20. Quando priorizei criar uma marca com paleta de cores e contratei serviços de terceiros, sendo que ainda não validara a ideia do negócio nem ganhava dinheiro suficiente.
  21. Quando não consegui dizer ~não~ para um cliente que me perturbava sábado e domingo.
  22. Quando trabalhei num shopping e desmaiei porque tinha de almoçar em apenas 15 minutos.
  23. Quando topei escrever sobre assuntos que não me agradam.
  24. Quando cometi um único erro num documento importante de revisão e todo o meu trabalho de meses, sem erro algum, foi desconsiderado.
  25. Quando ouvi que não iriam me chamar para aquela reunião porque a pauta era tensa e eu, sensível demais.

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32. Quando achei que, ao voltar de um mestrado na Europa, teria emprego garantido no Brasil.

E aí, se identificou com alguns dos meus tombos? Se tem algo que não falta no nosso currículo, é cilada, não é mesmo?

Agora é a sua vez! Compartilha comigo algum tombo que você levou no trabalho, quem sabe dá pra rir (ou chorar) um pouco mais e distrair a cabeça dessa loucura que estamos vivendo.

Você tem algo a dizer?