3 dicas valiosas para a saúde mental de profissionais altamente sensíveis

Não raro, o ambiente de trabalho tradicional desafia o autocontrole das pessoas altamente sensíveis (PAS) com tantos prazos apertados, panelinhas sociais, competições sem nexo, piadinhas ~inofensivas~, entre outras atitudes desagradáveis.

Embora dotadas de inteligência emocional — por terem um cérebro voltado à empatia e ativações maiores nas áreas ligadas às emoções —, as PAS podem se dar mal no trabalho se não souberem separar suas relações profissionais e pessoais.

O traço da alta sensibilidade exige uma espécie de vigilância para que nossos sentimentos e emoções não falem por nós o tempo todo. 

Ser sensível é admirável, mas requer cautela numa sociedade que ainda aponta essa característica como algo problemático.

Guerreiras ou conselheiras?

Quantas vezes você já ouviu que o mercado de trabalho é um campo de batalha e que só os mais fortes sobrevivem?

Isso pode ser amedrontador para quem é altamente sensível. As PAS já entram em campo achando que são pouca coisa, porque não gostam de conflitos e ouviram desde criança que sua sensibilidade era sinônimo de fraqueza.

Mais inclinadas para o intelecto e a quietude, numa organização, as PAS serão, quase sempre, as conselheiras da equipe. 

Elas se identificam com uma posição reflexiva, e serão constantemente procuradas por colegas mais agitadas, que costumam acionar o modo ~guerreiras~, pois acreditam na competição e na rivalidade como medida para o sucesso.

As pessoas altamente sensíveis tendem a ser também mais ponderadas, porque processam informações de forma profunda. Logo, costumam analisar com mais atenção as situações.

Isso independe da sua carreira: sendo uma PAS, você sempre parecerá mais consciente do que os demais, desempenhando suas tarefas com zelo e calculando o impacto de suas ações.

3 dicas valiosas para a saúde mental de profissionais altamente sensíveis

Nem sempre você poderá escolher como e com quem quer trabalhar.

Uma conversa na hora errada, um tom de voz grosseiro, uma palavra mal colocada, um deboche, uma risadinha ou olhar enviesado: nada passa despercebido para as pessoas altamente sensíveis.

Gerenciar as próprias emoções e decidir quando e para quem demonstrar toda a sua intensidade é importante para manter sua saúde mental, praticar o autoconhecimento e ~evitar a fadiga~. 

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1. Pare de se explicar e aceite que você não será compreendida

A menos que alguém pergunte, pare de tentar explicar por que aquela gincana no meio do pátio, com todo mundo te observando e analisando, é tão desconfortável para você. As pessoas ainda não estão prontas para quem sente demais. 

Se disser a verdade com todos os detalhes, falando do traço da alta sensibilidade, a outra pessoa poderá simplesmente responder: ~Nossa, nunca ouvi falar disso~ ou ainda ~Nossa, você é meio estranha, hein? Nunca conheci ninguém com esse teu medo~.

Falta de empatia e sensibilidade da outra parte? Com certeza. Mas falta de bom senso teu também. 

EVITE A FADIGA: se for justificar, seja breve. Diga algo como ~Gincanas me causam muita ansiedade e isso não me faz bem, posso voltar para minha sala?~. Fim. Não explique demais e deixe que façam cara feia.

2. Estabeleça fronteiras profissionais

Eu queria muito que alguém tivesse me dito isso quando entrei para o mercado de trabalho. 

A capacidade de conexão das PAS é imensa, mesmo se estiverem diante de pessoas muito diferentes de si. Elas sabem como fazer os outros se sentirem bem, firmar laços e tendem a ser leais.

O problema é que podem acabar confiando cedo demais nos outros.

Não procure apoio emocional no ambiente de trabalho. Não considere alguém confiável logo nos primeiros dias. Avalie. Observe. Nem todo mundo quer o seu bem. Nem todo mundo diz ~conte comigo para qualquer coisa~ com boas intenções.

EVITE A FADIGA: para as PAS, é mais proveitoso passar tempo e aprender com pessoas racionais, lógicas, que te ofereçam sensação de equilíbrio. Do contrário, você poderá se sentir sugada, com dificuldade para impor limites. Querer aprofundar relações e desabafar no ambiente de trabalho pode ser um verdadeiro tiro no pé. Deixe isso para quem te conhece há mais tempo ou então para o consultório psicológico.

3. Não insista em demonstrar todos os seus dons

Sim, você pode ser multipotencial e ter a necessidade de expressar todas as coisas incríveis que sabe fazer, mas dificilmente poderá realizar isso num ambiente de trabalho ~quadradão~. 

Querer provar o quanto você é boa não vale a pena.

Se notar que seu potencial não está sendo bem aproveitado, converse, exponha seus pontos mas não passe meses tentando, silenciosamente, mostrar o quanto você dá conta.

Infelizmente, a tendência é que você acabe sendo julgada como ~arrogante~, ~incapaz de socializar~ se não deixar claro que acredita em si mesma e no próprio valor.

EVITE A FADIGA: se a empresa onde você está não te valoriza, se você não sente que pode explorar seus pontos fortes, se suas ideias nunca são consideradas, se a sua sensibilidade é vista como empecilho, planeje-se e peça demissão. Ficar num lugar onde você se sente menosprezada, seja você altamente sensível ou não, é pedir para adoecer.

Sem uma PAS na equipe, o sistema da sua empresa será falho

Muitas vezes, as PAS podem sentir que são deixadas para trás profissionalmente e que deveriam ser e agir diferente. 

O mercado de trabalho geralmente prefere pessoas que operam no modo ~guerreira~ e que não se deixam levar pelas emoções. Não estão errados nem certos: guerreiras e conselheiras, quando unidas, podem revolucionar uma organização.

Sem a sensibilidade das PAS numa empresa, você notará um sistema falho. Você notará resultados, mas também notará pessoas mais ansiosas, irritadiças, sentimentos de disputa, de inadequação e rivalidade, tornando difícil a integração e a convivência entre colaboradores. 

As competências e habilidades emocionais de uma PAS são necessárias para devolver leveza, despertar a humanidade, equilibrar a balança e construir o futuro colaborativo que as empresas moderninhas tanto gostam de falar.

Você tem algo a dizer?