“Tá difícil tirar você de casa, hein”, ouvi dele, me chamando pra sair pela terceira vez.
Ele é um cara legal. Mas eu não estava a fim. Ele é calmo, centrado, do tipo que dá atenção e sabe ouvir: mas eu não queria falar. Ele já viajou o mundo, é um cara inteligente, que entende de feminismo e ainda sabe cozinhar: mas eu não queria trocar ideias nem receitas. Queria ficar só. Tô numa fase única.
Se você me chamar pra sair e eu for, pode se considerar uma pessoa muito amada. E pode começar a exercitar sua paciência também: porque por mais que eu diga que sim e pareça animadíssima, quase em cima da hora, pode acontecer de eu dizer que não. Que eu queria, mas não quero mais. Sim. Sou dessas. Comigo não tem ~se eu for, eu vou~ ou ~falou, tá falado~. E eu juro que não é nada pessoal com o ser que se arrisca a me fazer um convite.
Não é preguiça. Não é medo. Não é fobia social (não mais). Não é que a pessoa não seja legal. Não é o lugar, não é o dinheiro, não é o tempo. Não é nada disso. É só… vontade. Uma vontade irrecusável de ficar a sós. Vontade de ficar comigo. Apenas comigo. Vontade de mim e das minhas coisas. Das minhas loucuras que eu não preciso explicar. Vontade de me ver, de me pertencer. É tão triste e ao mesmo tempo tão engraçado escrever isso.
Afinal, se, olhando de fora, eu estou sempre comigo, como posso andar sentindo tanta falta de mim mesma?