Talvez, nessa batida frenética de acompanhar o povo fazendo retrospectiva nas redes sociais, você acabe por ficar ruim.
Talvez você sinta uma coisa esquisita, uma sensação de fracasso. Ah, é tão fácil se deixar levar… retrospectiva, pra mim, é coisa séria. É balanço, autoavaliação de todos os aspectos: os bons, os gostosos, os incríveis, os maravilhosos e também os que não são dignos de foto no Instagram.
No virtual, você costuma ver só o lado que brilha. Gente compartilhando fatos alegres, conquistas, mudanças de vida, exalando sucesso. E é lindo mesmo poder ver tudo isso, e relembrar com as pessoas mais próximas todas as coisas boas.
Mas melhor ainda é ver o que está por trás das cortinas. Por trás daquele sorriso todo, daquele aperto de mãos, daquela família reunida. Por trás do vestido de noiva, pago com tanto esforço, ou da bebedeira exagerada do noivo, que lá no fundo de si mesmo nem queria se casar.
Eu gosto dos detalhes, das entrelinhas, do que se vive e ninguém quer falar. Aprendo com as dificuldades – minhas e dos outros.
Um ano inteiro não pode ser resumido em positivo ou negativo. Polaridades não abraçam uma vida bem vivida, não dão conta de explicar. Nós nunca somos uma coisa ou outra. Somos variáveis.
Se você for fazer retrospectiva, não tenha medo de olhar para o que não deu certo. Orgulhe-se de tudo que houve. De ter sido machucada, derrubada e mesmo assim estar aí, de pé, mais viva e mais esperta. De amar e ser amada.
A vida não é o que nos acontece. Não é linha de chegada, não é competição de quem viveu mais e melhor. Portanto, abandone a autocobrança.
Retrospectiva tem jeito de leveza. Aproveite para enxergar com delicadeza cada parte sua, e, se possível, ouça o recado: evolua.