Eu costumava odiar quando, diante dos meus dramas, alguém dizia “calma, tá tudo bem”. Era cada incentivo positivo que só aumentava ainda mais minha vontade de morrer. Não sei, na verdade, o que eu esperava.
Sempre fui de mergulhar fundo, mas era mais do que isso: eu queria que mergulhassem junto comigo. Insisti por muito tempo, e algumas pessoas embarcaram. Outras se afastaram. Aí virei esse poço de paciência que hoje só assiste os outros mergulhando e que prefere navegar sozinha. Que não quer mais levar ninguém junto.
Eu queria que sentissem a minha dor, que vivessem a minha história, queria que doesse nos outros também, porque, na minha cabeça, só assim, sangrando junto, pra entender o meu lado. Hoje só quero que me deixem em paz. Não precisa entender, não precisa mergulhar comigo, não precisa me decifrar. O drama é meu e tá tudo bem!
Hoje eu mesma me aconselho, cínica, e digo que tá tudo bem. E o mais louco é que já não duvido disso. Sei que tá tudo bem. De verdade. Mesmo quando passo por algo muito difícil: tá tudo bem. Mesmo quando bate aquela vontade de jogar tudo pro alto: tá tudo bem. Mesmo. Há diversas coisas com as quais não quero mais lutar. Abrir mão pode ser libertador. Acho que cheguei num nível confortável demais para me importar. Por que ficar dramatizando certas coisas? Se são certas, deixe que aconteçam. Deixe que o tempo leve, transforme, ensine.
As pessoas merecem ser deixadas em paz. Eu também mereço. No fim, pode ser que eu esteja ficando velha. Ou pode ser apenas mais um salto de consciência. Gente (e jovens, hahah), levem isso pra vida: parar com o drama é uma coisa linda.