Sei que é louco, mas eu me apaixonei por você em algumas horas. Seu jeito firme de andar pela casa, de parar na minha frente e desvendar tudo e qualquer coisa. Sua facilidade pra rir combinava com a minha, seu pensamento indiscreto encontrava apoio no meu. Sua mania de afofar os travesseiros, e o fato de lembrar que eu prefiro a cama desarrumada.
Você abria a janela pra me ajudar a acordar, mas também vinha pra perto, também queria ficar por ali, se aninhar, fazer dar certo o que já era bom. Você gostava de me ver cozinhar, dizia que eu tinha jeito. Me pegava pela cintura, dava um beijo e me largava: sabia que eu ficava irritada no meio do processo. Mas por dentro eu ria: então é assim que funciona, é assim que as pessoas dividem a casa e a comida com quem amam.
Você colocava playlists que me faziam parar e apenas sentir. Eu gostava das músicas que você escolhia, e quando íamos ver a letra, todas elas faziam sentido. A gente se espantava, você me abraçava e dizia que eu era tudo que você sempre quis. No início da nossa relação me parecia fácil ser feliz. E era.
Você era simples de lidar. Eu era simples de amar. Ninguém colocava empecilho, a gente saía pra passear e ficava na ansiedade por voltar. O início do amor é sempre bom. E me faz bem lembrar da gente no começo, e daquela sensação de que a cada dia só melhora. O início do amor é bom. E é por isso que eu encerro esse texto exatamente agora.