Faz um carinho, vai. Fala baixinho, não descabela não. Escuta o que ela tem pra dizer, espera: não vai cortando a fala angustiada dela e revirando os olhos, dizendo que é drama.
Compra aquele chocolate sim. Coloca uma música calmante: pode ser uma daquelas indianas, que lembram os cursos de meditação que ela já fez. Leva ela pra dar uma volta, abraça o corpo dela sem apertar, acredita nela quando afirma que tudo dói, mas que certas partes doem ainda mais. Compra um incenso, faz um ritual. Prepara um banho de lavanda, pra acalmar. Ou de hortelã, pra animar. Mas prepara. Fala que essa loucura vai passar. Que hoje tá difícil, mas amanhã já não estará.
Ajude-a a lembrar que ela está a apenas alguns passos da praia, diga que ela consegue caminhar até lá apesar das dores e da vontade de chorar por tudo e qualquer coisa. Relembre as cores do pôr do sol no mar e do quanto ela gosta disso.
Coloque-a em contato com a natureza, faça-a ouvir a voz de pessoas que ela ama. De preferência a voz de outras mulheres, que saberão exatamente que feitiço é esse que ocorre todo mês.
E ah, se quiser mostrar esse manual para algum homem, ela agradece, mas não cria expectativa. Porque a verdade é que ELA, a sua parte mais selvagem e feminina, espera ser olhada e acolhida por ninguém mais ninguém menos que VOCÊ. Ela espera que você perceba que a vida é feita de ciclos. E se tem sangue, se tem dor, e se tem lua, e se tem amor… significa que você é capaz de transpor. Você é capaz de lidar com tudo isso. Menstruar é transmutar. É conseguir se olhar no espelho e enxergar beleza: perceber que, mais do que um corpo, você é a verdadeira força da natureza… 🌿❤