Eu esperava pela sexta-feira como ninguém. Achava que você também. Que você também tinha ralado a semana toda, pensado na última vez e ficado com vontade de repetir.
Achava que você estava muito preocupado pensando no que iríamos cozinhar, no prato que você ia tentar fazer pra me impressionar. Achava que você pensava em mim durante a semana, tanto quanto eu pensava em você. Que hiato.
Chegava a sexta-feira, mas não chegava você. Você marcava com teus amigos e esquecia o nosso combinado. Você preferia a voz deles, o deboche deles, e eu doida pra te mostrar meu humor e minhas ironias cheias de intenção.
Agora que eu não espero mais, você se faz presente. É sempre o primeiro a se manifestar, a dar uma palavrinha. Agora que seu olhar não encontra mais o meu, você não consegue dormir, lembrando de como eu te olhava. Agora que não quero mais te ouvir justificar, você pensa em mil formas de se explicar. Agora que não sinto falta do seu abraço, você comenta por aí que eu sou gostosa de abraçar.
Agora que não imagino mais um futuro pra nós, você começa a desenhar: planos, viagens, cachorros, gatos e flores que algum dia eu desejei ter. Agora que acho que cada um deve fazer o que bem entende da vida, você quer compartilhar suas dúvidas e falar sobre carreira, sobre propósito, sobre ter um trabalho legal.
Você espera que eu diga alguma coisa, que eu te estenda a mão. Tá doido pra ouvir a minha opinião. Acompanha meus movimentos, reage com rapidez e relembra, chateado, de todas as suas ausências. De tudo que você não viu, de tudo que você não fez. Porque eu não era ninguém.
Agora que tô sendo vista, você quer saber se ainda me faz bem. Agora que escancaro parte da minha vida, você não está nela.
Agora que me abri e conheci vários tipos de amor, você quer me convidar para uma relação monótona, sem cor. Típico… ver que eu floresci e querer ser beija-flor.