Ando fritando de ideias. Minha criatividade tá a mil e às vezes nem parece que estou vivendo, como todas as outras pessoas, no meio de uma pandemia sem hora pra acabar.
Tenho colocado toda a minha energia no meu trabalho. Tenho optado por não ver notícia alguma. É preferível fechar os olhos para o que não tenho controle e contar o tempo que passo tomando sol.
É preferível não me indignar com gente andando sem máscara e sendo a favor do governo, berrando no ponto de ônibus em frente à minha casa. Melhor abraçar uma árvore, pisar na terra e dar graças a Deus por ter um quintal à disposição.
Ainda ontem, me perguntaram como tenho conseguido criar conteúdo e manter o foco. Sorri para a gaveta onde guardo todas as caixas de antidepressivos. Olhei para as vitaminas extras que tomo todo santo dia. Apertei meus bracinhos, para os quais eu mal conseguia olhar há uns meses, e fiquei contente: eles estão ganhando forma, ficando fortes, porque sigo firme numa rotina de exercícios físicos e yoga.
Mas não existe receita. Existe o que você consegue.
Ando feliz, dando aulas ao vivo, estruturando projetos, sonhando alto e executando na mesma medida. O que não significa que estou inabalável.
Hoje, por exemplo, é um dia morno. Um dia em que pensei numa baita divulgação para o meu podcast. Ia aproveitar e falar também do meu livro. E do meu site, que deve ficar pronto em algumas horas.
Só de pensar, cansei. Continuei morna, sentindo pouca vontade de partir para a ação. Tenho febre por dentro, mas, por fora, congelei.
Eu não tinha planejado isso pra hoje: essa angústia, essa dúvida, esse não querer. Não estava nos planos ficar mais quieta, deixar pessoas no vácuo, atrasar as promessas.
Mas aconteceu. E compartilho sem medo de parecer dramática, esquisita e fora de contexto.
O que eu sinto impacta no que eu produzo. O que eu vivo não se separa do que ofereço no mundo.
E talvez você também sinta algo parecido de vez em quando. Não estamos todas no mesmo barco — quem dera!—, embora a frustração seja algo em comum.
Não tenho pretensão nenhuma escrevendo esse texto e me perguntando, exatamente agora, como encerrá-lo.
As palavras caem no meu colo, ávidas por se encontrar, e debocham do meu jeito morno, como se dissessem: maldita seja essa tua necessidade de se expressar.