“Deixar de seguir?”: a sutil arte de se desconectar do que nos faz mal

Tô sendo irônica. É claro que de sutil essa história não tem nada.

Nosso complexo de vira-lata é conhecido mundo afora e entre os próprios brasileiros. Eu diria que isso pega até hoje nas nossas relações pessoais e sobretudo, virtuais.

Nelson Rodrigues criou o termo a partir de uma ira ~futebolística~, mas é notável como essa carência e maldita necessidade de agradar se estende em várias outras áreas.

Autoestima baixa é uma droga. A gente se intoxica com o externo para preencher uma espécie de vazio interno. Antes da internet eu já achava isso, agora então, nem se fala.

Tá acontecendo um negócio sério comigo. Tô há dias refletindo sobre deixar de seguir pessoas, me sentindo um cachorro revirando lata, querendo pescar alguma coisa boa num monte de lixo.

E espero, até o fim deste texto, ter entendido o porquê.

Unfollow terapêutico: como saber se é hora de praticar

Desde que li o texto da Mivla Rios sobre ~unfollownismo~, algo apitou aqui dentro. Porque tem dias que eu tô ensaiando pra dar unfollow.

Unfollow significa, literalmente, deixar de seguir. Todas as redes sociais possuem essa opção.

Algumas, como o Instagram, compreendem tão bem o tal complexo de vira-lata que sugerem que a gente não deixe de seguir – apenas restrinja ou silencie o conteúdo daquela pessoa. Sabe como é, pra não pegar tão mal. Pra não dar tão na cara. Segundo o próprio Instagram, para não criar desconfortos.

Fonte: TechTudo.

Me peguei analisando friamente as contas que sigo, tanto no meu Instagram quanto no LinkedIn.

E descobri que algumas conexões simplesmente não fazem mais sentido. Que eu estou mantendo certas pessoas na lista por pura… diplomacia (ou por medo do que vão pensar?).

Comecei a refletir que o problema, no fim das contas, não tá naquele fulano ou fulana com quem eu troquei ideia uma única vez. O que tá pegando são aquelas pessoas com quem algum dia eu achei que tinha mesmo algo em comum.

Aqueles que alguma vez chamei de amigos. Aqueles cujo trabalho algum dia eu admirei e que hoje me parece pouco autêntico.

Aqueles que, por mais que eu ame, não param de publicar notícias trágicas, me despertando os piores sentimentos.

Aqueles que algum dia eu coloquei num pedestal, por me achar pouca coisa. Aqueles que nunca deram uma palavrinha de incentivo, mas, me vendo atingir objetivos, vieram falar que sempre acreditaram em mim.

Aqueles que nunca interagem, mas não perdem uma atualização. Estão sempre de olho em qualquer movimento meu.

Eu, hein. É muita inquietação.

Análise feita, celular na mão, comecei a faxinar, falando alto: ~você fica, você até que vai, ah, não, você não, esse aqui também não quero mais, você eu passo, você talvez, esse aqui eu penso depois…~

Gente, me chamem de louca, mas esse exercício não é tão simples quanto parece. E justamente por isso, é libertador. Quer uma frase bonita? As coisas mais difíceis de serem feitas nos libertam.

Dar unfollow, dependendo do caso, é difícil, mas o alívio compensa.

Por isso, preste atenção em como você anda se sentindo em relação a algumas pessoas/contas/perfis.

Se doeu, se te despertou sentimentos esquisitos, se gerou ansiedade, se bateu a paranoia da comparação, se deu vontade de sair correndo ou, pior, baixou a mania de perseguição (~preciso ver o que essa pessoa fez/publicou hoje~), estique o seu dedinho: é hora de partir para a ação!

Mão na massa, alívio no coração

Minha faxina rendeu. De quase mil pessoas (!) que eu seguia no Instagram, passei para 700 e cacetada. Sigo analisando, um pouco por dia. De 700 pretendo reduzir para 500. E ainda assim… 500 é muita coisa.

Quem consegue se lembrar de 500 pessoas na vida real? No virtual até vai, mas acompanhar, acompanhar meeesmo… não, né?

No LinkedIn também parei de seguir uns e outros. Não preciso de conteúdo que me fere ou gente que me faz olhar feio.

Eu tô no Linkedin, aliás, com muito esforço, e pra me manter firme preciso trazer para perto pessoas mais parecidas comigo. Alinhar valores é importante pra mim.

Quanto aos amigos tóxicos que não param de atacar o governo, prever o fim do mundo e falar abobrinha: silenciei. É, não consegui deixar de seguir. Mas um dia eu chego lá.

Já é coragem demais perceber que alguma coisa nos afeta, mesmo vindo de pessoas que a gente gosta.

Fonte: @umfilmemedisse.

Falou tudo, Dumbledore.

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E pra você, é simples dar unfollow ou também rola uma ~sofrência~? Compartilha comigo que a gente provavelmente vai ter muito que conversar.

Você tem algo a dizer?