Há 20 dias, resolvi: vou lançar um livro na última semana de novembro. É claro que eu não sou tão doida assim.
Neste artigo especial, compartilho com você, como retomei o projeto de lançar meu primeiro livro, abandonado ano passado.
Muita coisa acontece quando você decide colocar um livro no mundo. Não, não é uma tarefa fácil.
Mas escuta bem o que vou te falar: se eu, no meio de um processo depressivo intenso, dopada de remédio, ~mais louca que o Batman~, consegui, você também consegue.
Qual é a sua motivação para escrever e lançar um livro?
Por favor, não diga: ~ganhar dinheiro~. Ou diga.
É que, da forma que eu vejo, diante de algo tão especial quanto lançar um livro, ganhar dinheiro é consequência. Não é o mais importante, não é a partir dele que tudo começa.
Quando você escreve, provavelmente, deseja atingir algo ou alguém, trazendo reflexão, conforto, ensinando, quebrando mitos, etc. A escrita permite fazer e despertar tanta coisa!
Há que se ter um foco, uma intenção, se você quiser seguir motivada.
A sua vontade de escrever e lançar um livro tem que ser maior do que qualquer retorno financeiro que isso possa trazer. Tem que ser maior do que o desejo por reconhecimento (ego, lembra?). Tem que ser algo genuíno, de dentro pra fora. A sua vontade tem que ser coisa de alma.
Ou dificilmente você conseguirá conectar com as pessoas por meio das suas palavras.
É difícil lançar um livro?
Para responder essa pergunta, te faço outra: o livro será físico ou digital?
Se for livro físico, te digo que é mais difícil. Se for livro digital, te digo que você, mesmo sozinha e sem experiência editorial, dará conta.
Optei pelo livro digital por três motivos:
- Tenho uma ligação forte com árvores (não ri, não, é sério!): não me senti muito bem ao imaginar o tanto de folha sendo impressa, impactando a natureza. Por outro lado, descobri que e-readers (como o Kindle, da Amazon) também não são sustentáveis. Mas, entre as duas opções, ainda preferi a digital, por enxergar mais vantagens.
- Custo mais baixo: fiz orçamento em três editoras diferentes e fiquei em pânico. Para publicar cerca de 150 páginas, eu teria que desembolsar entre 5 a 10 mil reais. Fora aquela tristeza de vender por 30 ~pila~ e receber 3 (sim, neném, a fatia maior é da editora).
- Alcance e bolhas sociais: o povo brasileiro lê, em média, 3 livros por ano (segundo pesquisa da Pró-Livro, feita em setembro desse ano). Incentivar a compra de um livro físico, ainda mais para quem não tem o hábito de ler e detém pouco poder aquisitivo, pode ser desafiador. Disponibilizar o acesso digital, quando quase todo mundo tem um celular na mão e está a um clique de distância, facilita.
Outra coisa que ajuda é quando alguém fornece um passo a passo. Eu teria desistido se não tivesse feito o curso da Laís Vargas sobre como publicar na Amazon. Simples, rápido e com muitas dicas legais, o curso dela é direto ao ponto.
Se você também gosta quando te pegam pela mão, dá uma conferida aqui para descobrir como ela pode te ajudar a realizar o sonho de publicar um livro de forma independente (sim, é link de afiliada).
No meio do caminho, havia a autossabotagem
Comecei a escrever e montar meu livro ano passado, em agosto de 2019. Na época, eu estava bem.
Mas, algo aconteceu no meio do caminho e a verdade é que eu não sei explicar muito bem o que se passou.
Não escondo de ninguém que enfrento depressão desde a adolescência. Já testei diversas terapias, já me enfiei em situações absurdas que prometiam me tirar do buraco.
É estranho pensar que nos últimos 15 anos, eu nunca dei uma chance para o que, hoje, me parece a melhor opção: tratamento psiquiátrico com medicação.
Até o início da pandemia, eu vinha conseguindo equilibrar minhas emoções e acreditar em mim. Conforme os meses passaram, minha saúde despencou. Não conseguia me reconhecer no espelho. Emagreci mais de 7 quilos em pouco tempo e comecei a planejar como eu ia morrer.
Aconteceu muita coisa que não vale a pena citar aqui e que pioraram o meu estado mental. O caso é que decidi buscar ajuda, mesmo sentindo que não valia mais a pena continuar.
Em agosto desse ano, comecei a tomar antidepressivo. Foi um baque. Só quem encara uma barra dessas com o próprio corpo e a própria mente sabe como é exaustivo. Muita gente desiste ou não responde bem às substâncias químicas. Eu, mesmo querendo arrancar com as mãos tudo que me doía, insisti e confiei na ciência. Confiei no tempo.
Semana que vem, completo 4 meses de tratamento intensivo. Não realizei tudo que eu queria e havia planejado para 2020, mas, se hoje, eu tô lançando um livro, sorrindo e dançando pela casa que nem criança, no mínimo, é porque parei de me autossabotar.
“E se ninguém comprar o meu livro?”
Quando dividi com minha família que queria lançar um livro em novembro, meu pai, sério, me olhou e começou a questionar: ~Filha… você não tá se precipitando? E se só eu e sua mãe comprar teu livro, você vai ficar feliz? Não é melhor se preparar um pouco mais e fazer um marketing decente, com mais tempo?~
Respondi, com um sorriso imenso, que eu não ia lançar esse bendito livro pra pagar meu aluguel ou comprar comida. Eu ia lançar esse livro pra realizar um desejo do coração. Pra ficar em paz comigo, pra superar a mim mesma. Se vender, que bom. Se não, que bom também: porque não é isso que tá em jogo.
Eu diria que você precisa ter em mente a coragem de ser ignorada, de não ganhar muito dinheiro, de não fazer sucesso. Coragem para não esperar reconhecimento alheio. Quando você se bastar e selar um compromisso consigo mesma, entenderá tudo.
É emocionante perceber como o processo de escrita de um livro pode nos transformar.
Escrever é meu jeito favorito de comunicar, desde pequena. Não deve ser à toa que foi assim, escrevendo e publicando o meu primeiro livro, que encontrei forças para voltar a acreditar – em mim e na vida.
* * *
Sou uma escritora altamente sensível que acaba de lançar seu primeiro livro e não consegue escrever sobre mais nada no momento. Meu marketing é básico, autêntico, sem gatilhos mentais e blablablá, mas leia como se eu estivesse gritando (porque eu estou!) e faça uma escritora (ainda mais) feliz:
E como agradecer nunca é demais… obrigada, obrigada, obrigada! 🙂