Lá vou eu me comparar: hoje é dia 13 de janeiro e este é o primeiro artigo do ano. Eu estava quieta, vivendo um dia de cada vez, olhando as redes sociais de vez em nunca.
Até que, semana passada, me dei conta de que todo mundo parecia ter começado o ano com o pé direito, menos eu.
Todo mundo parecia ter bebido altas doses de determinação e produtividade. As pessoas voltaram com garra, com força, e eu pensando que ainda não estava bom, que eu precisava de mais tempo para retomar o trabalho.
Tive a sensação de que ficava para trás por não conseguir alcançar os mesmos níveis de energia que observei em outras pessoas.
E comecei a me sentir péssima, claro.
O on não existe sem o off
Percebi que, pra mim, desconectar não é exceção ou meta a ser atingida: é regra.
Eu não tive um fim de ano ruim: ninguém que eu amo morreu ou ficou preso a uma cama, respirando com dificuldade.
Tive momentos lindos, conversa boa, ceia vegana e sorrisos registrados. Ainda assim, não posso dizer que entrei em 2021 totalmente revigorada (e alguém pode?).
Sim, ânimo e inspiração são coisas que vêm de dentro, mas, para que isso aconteça, é preciso se preencher do que está fora: arte, livros, pessoas queridas, natureza… o online não tem como existir se você não estiver bem offline.
É por isso que senti que o ano havia começado para todo mundo, menos pra mim: eu não estava suficientemente preenchida, a ponto de conseguir olhar o que os outros estão fazendo e não ficar mal comigo mesma.
A dica é: pare de olhar para o lado!
Faça isso se quiser abraçar a paranoia da comparação e se maltratar, porque para todo lado que você olhar, vai ter alguém lançando livro, curso, mentoria, newsletter e muito mais, enquanto você mal terminou de assistir aquela série da qual todo mundo estava falando seis meses atrás.
Se você insistir em ficar olhando para o lado e se comparando, vai bater uma tristeza, um sentimento de fracasso, como se você estivesse na famosa corrida dos ratos, onde ninguém chega a lugar algum, por mais que corra.
E nós já concordamos em outros artigos que a vida não é competição de quem faz mais e melhor, certo? Tá certo, então.
Quer mais ânimo e inspiração? Feche o computador!
É sensacional quando você abre o computador e sabe muito bem o que fazer, não é?
Você não perde tempo fuçando rede social alheia, lendo as notícias horrorosas do nosso país, assistindo como a Anitta evoluiu de 2010 pra cá, enfim: quando há foco e ideias querendo ganhar vida, nada nos segura!
Focar no que interessa, se animar e sentir-se a pessoa mais inspirada do mundo não é tão difícil quanto parece. Sugiro que você comece olhando para o externo de forma saudável.
Não tô falando da grama do vizinho: tô falando de viver com atenção plena. De partir para as microrrevoluções do dia a dia, que podem não fazer diferença em todo o planeta Terra, mas que trarão benefícios para o seu humor e o seu cérebro carente de novidades.
Repertório criativo: descubra o que te inspira
Tenho buscado meu repertório criativo do lado de fora, longe das redes e da obsessão em me comparar com o ritmo dos outros.
Listei algumas coisas que funcionaram para mim e me devolveram inspiração, vontade e alegria para criar e trabalhar. Tomara que te inspire também!
- Agir como criança, espalhando canetinha, lápis de cor, tinta guache e pincéis no chão, diante de um livro de desenhos para colorir. Percebi que minha habilidade para contornar e pintar é baixíssima e morri de rir da mistura superesquisita de cores que fiz.
- Rever fotografias antigas e reparar nos detalhes, roupas da época, cortes de cabelo, móveis, ruas, etc.
- Andar descalça na grama ou na terra, logo pela manhã: aquele geladinho nos pés me desperta de um jeito especial.
- Abraço árvores desde que me entendo por gente e mantenho esse hábito: gosto de olhar para cima e analisar a textura, as cascas, as linhas desenhadas pela natureza. É pura perfeição.
- Minha ancestralidade: conversar com meus avós e pessoas mais velhas sempre me fascinou. Imaginar como eles viviam e ouvir suas histórias chacoalha meu cérebro de modo intenso.
- Audiolivros: definitivamente, me rendi a eles. Adoro ouvir poesias, principalmente enquanto estou desenhando ou pintando. Indico o aplicativo Ubook, por R$ 16,90 mensais. Vale a pena se você quer ler mais em menos tempo (só no mês de janeiro, já li 10 livros, dos mais variados gêneros, acredita?).
- Se respeitar: tão simples e, ao mesmo tempo, tão difícil. Aceite que você pode levar mais tempo para processar suas emoções e ganhar energia. Não somos iguais e você não precisa se desesperar porque o ano começou e todo mundo parece pilhado e disposto. Às vezes, é só fachada. Descanse quanto puder, sem culpa.
- Folhear livros de arte: tenho uma coleção maravilhosa de grandes nomes da pintura e escultura. Quando me sinto sem ideias ou exausta, vou lá e abro numa página aleatória para observar as fotos e os quadros ou ler um pouco sobre a vida do artista. Salvador Dalí, Antoni Gaudí e Julia Klimova estão entre os meus favoritos.
Leveza é se preencher com o que faz bem
Ao longo deste artigo, você já percebeu que não é rolando uma linha do tempo interminável e salvando milhares de posts para ler depois que você vai encontrar verdadeira calma e inspiração (pelo menos, não na maioria das vezes).
A inspiração e o ânimo costumam vir quando você relaxa e consegue perceber significado em tudo que te cerca, em tudo que existe (celular e rede social não vale, hein!).
Nada como a leveza de saber que você é única e que está no lugar certo, fazendo a coisa certa. Nada como lembrar que guardamos preciosidades e histórias inspiradoras dentro de nós.
Se você realmente quer um ano mais leve, pegue leve!
Preencha-se de si mesma e de tudo que tira o teu fôlego, que faz o olho brilhar, a alma sorrir. Procure no quintal ou durante aquela caminhada até o mercado: tenho certeza que você vai achar o que é preciso para continuar compartilhando seu trabalho com o mundo e inspirando pessoas.
Ao menos foi assim, numa tarde de domingo, que eu encontrei calma e finalmente sentei a bunda na cadeira para escrever tudo isso que você acabou de ler.