Eu estava terminando de me maquiar quando ele chegou em casa do trabalho, me olhou e disse que eu parecia uma vagabunda. Eu comentei que queria fazer um ensaio sensual, que acreditava que isso me ajudaria a lidar com as inseguranças sobre o meu corpo e fortalecer minha autoimagem, e ele respondeu, ríspido, que isso era safadeza e que ele tinha se enganado com essa minha cara de santa.
Eu recebi uma proposta de trabalho incrível, e ele não conseguiu sorrir de verdade. Eu disse que meu sonho era viajar o mundo e ajudar outras pessoas, e ele retrucou que eu não o incluía em nada. Eu disse que vinha de uma família bem estruturada, que me deu muito amor e me proporcionou estudo e oportunidades fora do país, e ele me chamou de filhinha do papai.
Eu disse que não estava a fim de fazer sexo, e ele insistiu, dizendo que eu era malvada e só o fazia passar vontade. Eu disse que ia sair com uma amiga pra dançar, e ele perguntou se ela era solteira. Eu disse que queria terminar, e ele retrucou que eu nunca encontraria alguém como ele. Ele dava em cima das minhas amigas, debochava das minhas dificuldades e ria de piadas sobre estupro.
Ele lia meus textos e dizia que se eu continuasse dando uma de sensível ninguém ia querer ler. Ele me traiu, foi perdoado e me traiu de novo. Mas ele nunca me bateu.