Não é que eu queira te encontrar na próxima vez que eu sair.
Não é que eu queira que você me ligue, perguntando como eu tô, querendo saber como foi a mudança, onde trabalho agora, e se estou me relacionando com alguém.
Não é que eu tenha apagado todas as formas de entrar em contato com você.
Não é que eu nunca mais tenha pensado em você.
Não é que eu queira reatar, não é que eu queira escutar hoje tudo que você nunca foi capaz de dizer. Talvez eu queira, por alguns segundos, talvez minutos, saber como você anda.
Não é questão de superar o ego, não é que eu esteja com saudades.
Não é como se eu ainda me lembrasse nitidamente da sua voz, nem mesmo do seu perfume que você jurava que não era perfume.
Não é como se eu quisesse outra vez tentar entender aquele cálculo maldito e ter você do lado pra ajudar.
Não é como se eu sentisse falta daquele apartamento zoneado, daquela cozinha imunda e minúscula.
Não é como se eu sentisse falta de tudo que eu não gostava, não é como se eu quisesse reclamar outra vez.
Não é como se eu não pudesse ir pra cama com nenhuma outra pessoa, não é como se só você soubesse o que fazer.
Não é como se, por frações de segundos, só a gente fizesse sentido.
Não é como se me lembrasse de todos os detalhes, nem dos seus olhos castanhos que são a coisa mais linda que eu já vi.
Não é como se eu quisesse novamente seu abraço.
Não é como se tudo isso me corroesse a alma, não é como se eu me importasse demais.
Não é como se eu tivesse coragem suficiente de verificar as redes sociais, indiferente por encontrar coisas que talvez eu não queira saber.
Não sei se saberia ser indiferente a você. Mas não é como se eu não pudesse te esquecer.
Não é como se eu precisasse ouvir a sua voz outra vez, ou aquela música que você me apresentou e que acalmava o meu ser.
Não é como se eu não quisesse te perder. Não é como se eu não soubesse o que fazer.
Não é como se ainda fosse amor.
Não é…
Mas talvez seja.
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[Escrito em 2016, antes mesmo desse blog existir].