Você saiu de casa e eu tirei aquele livro empoeirado da estante pra ler. Soube que você andou caindo na gandaia: deve ter tirado alguém pra dançar.
Eu voltei a correr pela praia, sem medo de te encontrar. Você entrou para a academia, pela primeira vez.
Eu passei no supermercado e enchi a geladeira com todas as coisas que eu mais gostava. Você ainda come carne, mas de vez em quando ataca um hambúrguer vegetariano.
Eu conheci novos estilos de música, você também. Eu voltei a ligar para os meus avós no fim de semana, você retomou contato com a sua irmã.
Me chamaram para aquele filme que estreou e eu não hesitei: fui. Te convidaram para aquela cerimônia na floresta da qual você tinha medo: você foi. Cortei o cabelo, você deixou crescer. Voltei a meditar, você finalmente aprendeu. Passei a me escutar, você silenciou.
Consegui novos clientes, e você, do seu trabalho, virou refém. Mudamos. Eu ando sem roupa pela casa, não visto mais nada que possa me apertar. Somos livres e mais nada nos detêm. Nem mesmo pensamos em roupas novas: por enquanto, esse término nos cai bem.
